Chove, chuva...
19:33
(via: pexels)
Quando eu era criança, as tardes de chuva começavam tediosas e se tornavam poesia. Com as luzes apagadas, minha vó cantava: “Chove, chuva… Chove sem parar”.
A voz dela era tão suave quanto água tocando a pele. Ficávamos
debruçadas na janela, vendo as gotas tocarem as poças que formavam.
Mesmo quando em silêncio, sua voz ecoava. Preenchia o tédio. Dava
sutileza às sombras formadas pelo cinza do dia. E eu suspirava.
Suspirava tão fundo, que aquela meia luz parecia suspirar de volta. E eu
fechava os olhos, sentia a brisa fresquinha tocar meu rosto e colo,
sentia um leve arrepio que logo era aquecido pela ternura da voz de
minha vó, que fazia suas preces.
E chovia… Sem parar.
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