Eu gosto muitão de cinema. E muitão de música também.
E sabe de outra coisa que eu adoro? Dançar e cantar quando não tenho olhares por perto.
Acho que a gente entende mais nosso corpo, com suas dimensões e bordas, quando aprende o jeito que ele se movimenta. Mas, sinto isso principalmente quando percebemos a falta de controle. Tô falando de quando saÃmos tortos da pirueta e de quando desafinamos na parte favorita da música da nossa vida.
Ouvi de um psicanalista que só percebemos nossa subjetividade (palavrinha mágica da Psicologia) a partir do erro, pois se a nossa organização (em termos sociais e pessoais) fosse ordenada demais, perfeitinha demais, perderÃamos a essência nossa imperfeição: a gente só é a gente porque a gente erra. Se cada movimento saÃsse como planejado estarÃamos vivendo em um daqueles filmes pós apocalÃpticos nos quais inteligências artificiais dominam a terra e acabam com o ser humano.
Talvez eu tenha me empolgado um pouco, confesso. Mas o ponto é: nossa dança é única quando tropeçamos no tapete e temos a opção de sentar pra descansar, mudar a coreografia ou continuar assim mesmo, esquisito e feliz. Talvez tenha alguma poesia até quando batemos com o dedinho... Ou não, acho que daà já é demais.
Ultimamente eu tenho começado a me permitir uns passinhos mais ousados. Nada como a cena final de Dirty Dance, mas talvez umas balançadas na cintura. Tô tentando soltar mais os braços, pisar mais tranquila. Tô precisando sentir meu cabelo bagunçar. Seja como for, em último caso a gente levanta os dedos indicadores e dança com eles. No final de cada ato toda dança é válida.
Pra começarmos essa semana inspirados, escolhi três cenas de dança bem soltinhas pra dançar sozinha(o) em casa junto das personagens.
Amanda Woods (Cameron Diaz) em The Hollyday (2007)
Olive (Emma Stone) em Easy A (2010)
Olive curtindo ser só ela mesma num dia normal em casa. Querem coisa melhor? "Boa noite, quero dois dias assim pra viagem com mostarda, por favor." A música se chama "A Pocketful of Sunshine", da britânica Natasha Bedingfield.
Mia Wallace (Uma Thurman) em Pulp Fiction (1995)
E pra fechar com chave de ouro: uma das minhas cenas favoritas do Tarantino. Mia totalmente entregue ao som da banda Urge Overkill, "Girl, you'll be a woman soon". Essa é uma cena daquelas cheias de camadas de interpretação pra gente discutir com os amigos e criar teorias, como nos primeiros minutos de Reservoir Dogs. Deixando as conspirações de lado, eu sou apaixonada por essa sequência de frames.
Quais cenas vocês colocariam nessa lista?