RESENHA: Exorcismos, amores e uma dose de blues - por Eric Novello
13:45Lá estava eu, vagando pelas fotinhas de piscina e animais fofos do instagram, quando me deparei com alguém que não me lembro quem postando uma foto com esse livro:
Um título que só tem coisas interessantes não poderia acomodar uma história ruim, pensei.
E olha, acertei em cheio. Na mosca.
A história se passa em Libertá, cidade onde o protagonista Tiago Boanerges -um mago capaz de exorcizar oníricos vindos do mundo dos sonhos- vive. Este, viu sua vida quase se perder ao falhar numa missão: um amor lhe custara o emprego, dignidade e por pouco, a vida. Entretanto, tempos depois, surgiu de seu ex chefe uma nova oportunidade: terminar o "trabalho" e, como recompensa, ter de volta sua vaga. De volta ao jogo, Tiago precisa exorcizar os próprios demônios e enfrentar um passado que lhe deixou cicatrizes. Ao som de muito blues, é claro. Numa atmosfera noir de tirar o fôlego.
"Levar um tiro o redime do passado, apertar o gatilho o condena para sempre."
Em resumo, o que posso dizer é: intenso, esse livro daqueles que a gente fica repetindo pra si mesma(o): "só mais uma página", enquanto devora capítulos. Tiago é envolvente, sarcástico, divertido. E os personagens ao seu redor tem personalidades tão marcantes que inspiram.
Daquelas leituras que não se sente, me senti vivendo em Libertá por alguns dias.
Confesso que senti um aperto ao ler "última parte". Uma mistura de sentimentos: por um lado, louca pra saber o final. Por outro, não querendo acabar com o vínculo que criei com os personagens. Esse tipo de sentimento é o melhor termômetro para saber se uma história é realmente boa.
O final foi como a última colherada de negrinho (vulgo brigadeiro para outros estados) ou branquinho (vocês chamam de beijinho, né?) da panela: com um gostinho de quero mais. Muito mais.
Confesso que senti um aperto ao ler "última parte". Uma mistura de sentimentos: por um lado, louca pra saber o final. Por outro, não querendo acabar com o vínculo que criei com os personagens. Esse tipo de sentimento é o melhor termômetro para saber se uma história é realmente boa.
O final foi como a última colherada de negrinho (vulgo brigadeiro para outros estados) ou branquinho (vocês chamam de beijinho, né?) da panela: com um gostinho de quero mais. Muito mais.
ALERTA DE SPOILERS. SE A SUA PESSOA JÁ SE DELICIOU COM A LEITURA, SELECIONE O TEXTO A SEGUIR (TÁ ESCRITO EM BRANCO, ESCONDIDINHO, PRA DEPOIS NINGUÉM FICAR MAGOADO COMIGO. OK? OK.)
Julia é inteligente e bem-humarada, amei ela, sério. Foi a minha personagem "quero ser" da trama. “Hipsters zumbis” foi uma das sacadas que me fez rir loucamente. E uma coisa meio bizarra: tinha comentado com um amigo que eu tenho curiosidade sobre jogar como necromante nos rpgs de mesa da vida. Coincidência, né?
O jardineiro, com toda aquela influência lagarta-Alice-no-país-das-maravilhas foi aquele personagem enigmático que me deixou curiosa. Queria saber mais sobre el@.
Sobre Tiago... Nem preciso dizer que foi a minha paixonite literária dessa vez, né? Sempre me apego aos personagens mais problemáticos. E ele é simplesmente genial!
Talvez eu tenha shipado ele com a Ju. Talvez... Só talvez.
Talvez eu tenha shipado ele com a Ju. Talvez... Só talvez.
E a musa, gente que personagem bem construída! Aplaudindo de pé o senhorito Novello. Tudo que ela representa, sabe? "Ela é praticamente uma força da natureza", como disse o próprio Boanerges.
O Entremudos, o Yume... Todos esse reflexos. Foi extremamente imersivo.
“Oh my fucking Zeus, Oyster! It’s amazing!"
Ah, e "mais do que um palpite e menos do que uma certeza" entrou para o meu vocabulário.
"Quanto tempo dura o eterno?"
"Novas regras pedem novas exceções."
Tanta coisa que grifei.
Primeira obra que leio do Eric Novello, e com certeza não será a última. Coloquei outros títulos na minha lista mental de leitura.
Enfim, um livro maduro, não é literatura para crianças. É para quem deseja se aventurar, perdendo-se entre exorcismos, amores e uma dose generosa -e alucinante- de blues.
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